BioTac é uma prótese de mão capaz de promover feedback quanto a força, vibração e temperatura. Ela baseia seu design na simulação das "almofadas das digitais" e das unhas, ambas essenciais na detecção de pressão e textura das mãos humanas.
O projeto foi desenvolvido por Vikram Pandit, um engenheiro pesquisador na empresa SynTouch, especializada em robôs capazes de replicar sensações sensoriais. O próprio engenheiro é amputado e se dedica a priorizar o conforto e utilidade no seu projeto.
BioTac, além de possibilitar sensações e movimento de forma intuitiva, mostra-se ausente do uso exagerado de sensores e fios ou complicada aplicação e manutenção. Sendo mioelétrico, os únicos sensores se encontram nos músculos do braço.
Seu destaque, porém, se deve ao fato de que incorpora em sua essência a necessidade da ubiquidade:
A informação que o sentido de toque adquire é usada de formas reflexivas e automáticas, que o cérebro espera estarem presentes. A maior parte das próteses de mão removem esses reflexos, e necessitam que amputados usem toda sua atenção para executar tarefas simples, o que é frustrante! O sensor simplificado e o reflexo [que Vikram menciona] permitem que usuários desempenhem essas tarefas sem precisar de tanta atenção, do jeito que você espera poder fazer. - Matthew Borzage, cofundador da Syntouch
Como funciona? Como dito anteriormente, o BioTac possui 3 modalidades de sensor: força, fibração e temperatura. O sensor é um circuito flexível envolvido em "pele" de silicone e inflado com um tipo de fluido. A força é calculada com eletrodos, que calculam a distância entre a "pele" e o eletrodo. Exemplo: pressionando um dos dedos numa mesa, tal distância encontra-se menor e o sensor detecta a pressão.
Outro sensor deteta as vibrações na "pele" transmitidas através do fluido. as "digitais" amplificam essas vibrações para melhor desempenho. A temperatura é sentida através de um termistor.
Não há sensores localizados externamente. É uma prótese mioelétrica, ou seja, ela detecta atividade muscular, de nervos, e eletromiográfica (eletricidade nas células musculares), e a transforma em informação para os próprios motores elétricos da prótese. Tudo depende somente de estímulo mental do usuário. Como melhorar? É claro que, como muitos engenheiros e designers vão concordar, próteses ainda estão longe da perfeição, e o BioTac não é exceção. Para começar, apesar de promover feedback mecânico de forma semi-ubíqua, ele é incapaz de transmitir as sensações para seu usuário. Vikram explorou esta questão utilizando vibradores e outras formas para reproduzir a sensação em seu braço, porém não chegou em resultados que não fossem, nas suas palavras, "irritantes". O engenheiro também comenta que em dias especialmente quentes não usa a prótese, já que seu braço sua e fica desconfortável. Também não utiliza a prótese para tarefas como digitar em teclados. Muitas modificações fariam com que o BioTac avançasse ainda mais: - Adição da "pele" na palma É verdade que os dedos (principalmente o polegar) são um importante marco na evolução humana, mas a palma da mão também é um absorvente de impacto importante. Tal adição faria com que mais atividades físicas fossem possíveis. - Aviso sobre limite de pressão
Seria interessante um feedback visual, talvez algum tipo de luz para quando a prótese estiver aplicando pressão externa exagerada que poderia danificá-la.
- Extensão de braço
BioTac foi otimizado para o usuário que obteve sua mão amputada. Porém, é inutilizável para quem não dispõe do braço, tendo este sido amputado também. Seria importante uma versão que porte um braço com a mesma tentativa de ubiquidade e até "pele" nos músculos principais.
- Versão fechada para crianças
Apesar de mioelétrico e dispor-se da ausência de aparelhagem incômoda, o BioTac ainda pode servir-se perigoso para pequeninos. Seu exoesqueleto é demasiadamente exposto, podendo uma criança se machucar prendendo o dedo ou danificá-lo brincando com suas partes. Uma versão fechada as protegeria e proporcionaria a possibilidade de enfeites: pinturas coloridas, florais... isso certamente ajudaria no bem estar da criança amputada. - À prova d'água Ainda sobre segurança e o exoesqueleto exposto, o BioTac não parece ser à prova d'água. Isso é um empecilho para a ubiquidade, já que o usuário precisa estar atento para não pôr sua segurança em risco.
- Maior flexibilidade nas articulações, adição de dedos
Um avanço natural (não é claro se os dedos do BioTac apenas dobram, ou se conseguem mover-se pelos lados). Adolescentes já poderiam fazer coisas mundanas, como jogar videogame, por exemplo, ou praticar esportes que necessitem da mão.
Em suma, o BioTac é uma invenção que traz a cultura necessária para esse campo: não é necessário apenas funcionar, mas levar em conta o total conforto do usuário, de forma que a tecnologia torne-se tão natural que é como se sempre estivesse ali, e ao mesmo tempo nunca estivesse.
Trazer de volta o que já foi, e expandi-lo.
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