[OBS: Oi Bonelli! Decidi completamente refazer minha G1 e deixar aquela anterior apenas como trabalho 3, espero que esteja tudo bem. Não me senti muito confortável no projeto anterior para "inovar", somente otimizar mesmo, por isso busquei outro projeto. Sei que infelizmente não fiz uma apresentação sobre esse, mas torço pra que goste mesmo assim.]
Vital Current - Seeking the San Lorenzo é uma instalação projetada por Camille Utterback para o Museu de Arte e História de Santa Cruz, na Califórnia, Estados Unidos e foi aberta ao público em 2016.
Este projeto consiste em uma tela em formato de rio localizada do lado de fora do prédio, que disponibiliza imagens históricas do rio San Lorenzo. Pessoas podem interagir com este rio através de um painel touchscreen no qual, "mergulhando" seus dedos no sensor tátil, são capazes de mudar as imagens na tela, as abrindo em ondulações de líquido.
As imagens ou vídeos são mais de duzentos registros fotográficos tirados ou coletados por Utterback de bibliotecas, museus e arquivos. A data e os créditos de cada imagem são disponibilizados no painel.
Segundo Utterback, o objetivo deste projeto é trazer compreensão às pessoas sobre a história do rio - o quanto foi usado e abusado - e suas responsabilidades e impactos com o mesmo.
Este projeto me chamou atenção devido à enorme relevância no cenário ambiental atual e a necessidade de nós, seres humanos, urgentemente reavaliarmos nossas ações e impacto no meio em que vivemos, no meio que somos. O que Vital Current tenta fazer é não só trazer as informações sobre esse impacto, como também imergir as pessoas nelas, relembrá-las de como são participantes ativas e não meramente passivas.
Entretanto, acredito que é necessário ir mais longe. O projeto de Utterback, tendo essa proposta histórica, não é o suficiente para passar a mensagem de nossa responsabilidade ativa e constante com o futuro - muitas pessoas provavelmente saíram da instalação somente com uma bagagem nova, porém, sem planos de modificar seu estilo de vida de alguma forma. Gostaria de propôr umas modificações para estender ainda mais a imersão dos participantes nesse estilo de instalação. Para isso, tomarei uma adaptação para o cenário brasileiro.
Aterros sanitários
O objeto de estudo de Utterback foi o rio San Lorenzo, e aqui tomarei como meu os aterros sanitários brasileiros. Somente 3% do lixo brasileiro é reciclado, ou seja, nosso lixo quase que totalmente é simplesmente despejado numa tentativa de ser esquecido, mas suas consequências são impassíveis de serem abafadas: os resíduos tóxicos e o chorume apenas crescem.
Da tela
Apesar da ideia de Utterback de "mergulhar os dedos" em um painel touchscreen e o posicionamento a tela do lado de fora do prédio terem ótimos conceitos para sua proposta, considero oportuno envolver todo o corpo do participante na instalação: a tela, localizando-se desta vez no piso do recinto e estendendo-se para as paredes, cobriria-se de lixo, este lixo aumentando de acordo com a presença das pessoas (com seu adentramento, e sua permanência através do tempo). Essas informações seriam adquiridas através de sensores de movimento que estariam constantemente lendo a aglomeração de indivíduos no lugar. Dependendo da movimentação, até o fim do dia, o "horizonte"nas paredes já teria sido coberto por lixo.
O participante estaria constantemente andando sobre o "próprio lixo gerado", este sendo gerado apenas pelo fato de o próprio participante existir. Mesmo saindo da instalação, a imagem do lixo permanecerá no piso, para ser "pisoteada" por outras pessoas. Mantendo o conceito histórico do projeto original de Utterback, para as imagens do lixo podemos utilizar registros fotográficos dos próprios aterros sanitários brasileiros - ou até especificamente do Aterro de Gramacho, previamente o maior lixão da América Latina, conhecido também por sua tamanha toxicidade e por contribuir para a poluição da Baía de Guanabara.
Dos painéis
Esta modificação contextual, porém, transforma a experiência em algo passivo. Para motivar uma mudança de atitude e manter a mensagem na consciência das pessoas, seria interessante aproveitar o painel touchscreen de Utterback e prover informações úteis e simples de entender sobre materiais e processos de reciclagem e compostagem, e como o participante poderia ser capaz de reverter o cenário distópico da instalação ao mudar seus hábitos rejeitando plástico e fiscalizando o local para o qual seu lixo é direcionado.
Interagindo com esses painéis "colocando a mão na massa" e chegando ao fim das informações, um pouco de lixo da instalação pode ser visualmente retirado, ilustrando o sucesso de um participante ter realizado a sua parte. Isso incentivaria as pessoas a prestarem atenção aos painéis e digerirem sua informação, transformando a diminuição do lixo na instalação em uma espécie de jogo coletivo, e firmando a mensagem sobre a responsabilidade ativa.
Mais adições poderiam ser feitas, como um pôr-do-sol que poderá ser visível caso os participantes consigam reduzir o lixo de forma que a linha do horizonte seja visível novamente, ou uma seção de hortas que floresce para ilustrar a compostagem. De qualquer forma, o participante poderá sair da instalação não só com uma memória de uma experiência imersiva e informações novas, como também um novo objetivo.
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